A película em que isto ficou mais evidente e teve mais repercussão foi Basic Instinct (Instinto Selvagem). Nesta, a personagem da atriz Sharon Stone seduz a de Michael Douglas, inclusive, para que este volte a fumar. Uma das cenas do filme, de tão erótica, ficou gravada na memória dos cinéfilos, tendo sido escolhida a 'cena de pernas mais sensual da história do cinema', numa eleição realizada em Londres (14 anos após o lançamento de Basic). A psicóloga Catherine Trammel (Stone), é interrogada num ambiente policial; fuma, desrespeitando as autoridades lá constituídas; cruza as pernas ao acender o cigarro, e exibe a comentada genitália desnuda.
Após anos dedicados a esta militância pró fumo, Joe Eszterhas descobriu-se com câncer de garganta, uma das neoplasias mais relacionadas ao tabagismo, até porque a região faz parte permanente do trajeto da fumaça tóxica rumo ao cérebro, onde a nicotina precisa chegar para aplacar as síndromes de abstinência.
A visão de Eszterhas sobre o tabagismo e todo o sistema corrupto que o envolve mudou radicalmente após as diversas cirurgias e tratamentos outros a que teve de submeter-se. Fez, então, um pacto com Deus, disse ele, de forma a influenciar Hollywood e seus colegas de ramo a não mais glamourizar o tabaco, se escapasse vivo daquela situação incômoda. Escreveu, inclusive, uma nota no New York Times a este respeito, culpando-se pelo que teria feito a inúmeras pessoas. Milhões, na verdade. O título foi 'A responsabilidade de Hollywood pelas mortes por fumo'.
Os países em desenvolvimento, sobretudo estes, tem dificuldade extrema para obter e aplicar recursos financeiros em campanhas de conscientização para o antitabagismo. Hollywood disseminar imagens favoráveis ao uso do tabaco chega a ser covardia.
Em depoimento à Nadia Collot, no depoimento para o seu extraordinário documentário franco-belga, 'Tabac, La Conspiration', temos a oportunidade de ouvir Eszterhas expressar-se com todas as letras e sentimentos: