Há ética na associação entre a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e as cervejarias?
Muito se falou sobre o carnaval de rua do Rio de Janeiro em 2011. Dada a imensa participação popular nos quatro cantos do município, onde blocos com centenas de milhares de foliões nativos ou agregados desfilavam pelas ruas dos bairros, o evento foi denominado de 'revitalização do carnaval de rua da cidade'. Um grande espaço de mídia foi dado a esta legítima manifestação carioca e brasileira.
Marketing agressivo: centenas de placas espalhadas pela cidade
A pergunta que, entretanto, nos parece pertinente é se a parceria entre a municipalidade e a indústria da bebida alcoólica deveria ser explícita como foi?
Enquanto passamos os meses de novembro a janeiro assistindo às imagens cinematográficas das capturas de meliantes responsáveis pelo comércio de drogas ilegais, dias após assumimos formalmente a associação da Prefeitura do Rio de Janeiro com a divulgação de droga legal?
Tratando-se o álcool de uma substância potencialmente geradora de dependência física e psíquica, estimular oficialmente o seu consumo é ético? Entre os milhões de jovens estimulados, quantos tornar-se-ão dependentes em futuro próximo? É possível ter-se esta resposta de antemão?
Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde classifica o alcoolismo como a segunda causa de morte evitável no planeta, apenas atrás do tabagismo. E também que a primeira causa de mortes violentas no planeta é o acidente de trânsito, onde os levantamentos atestam que, na maioria deles, havia bebida alcoólica consumida anteriormente? O mesmo acontecendo com os casos de violência doméstica e urbana.
A maior festa popular do planeta merece ser palco de uma campanha tão forte do marketing da bebida alcoólica? Diante uma saúde pública claramente subfinanciada no país, como arcar futuramente com todas as mazelas decorrentes do adoecimento de parte deste imenso aporte de usuários de álcool?
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