domingo, 16 de novembro de 2008

A FORMA DE SALVAR MILHÕES DE VIDAS É PREVENIR O TABAGISMO



A matéria abaixo emociona, sobretudo, se nos lembrarmos que foram escritas pelo prefeito da cidade mais importante do mundo atual, Nova York, e não por um profissional de saúde especializado no tema.
Michael Bloomberg, 34o. homem mais rico dos EUA, neste artigo publicado na revista Newsweek, em 29 de setembro de 2008, demonstra, didaticamente, o porquê de termos que agir mais intensamente no controle do tabagismo em todo o mundo.
Boa leitura.
Alexandre Milagres.

A FORMA DE SALVAR MILHÕES DE VIDAS É PREVENIR O TABAGISMO

Michael R. Bloomberg
NEWSWEEK
29 set 2008
Todos os dias pelo mundo, ocorrem tragédias que são totalmente evitáveis: irmãos sepultando irmãos, cônjuges sepultando cônjuges, e crianças sepultando pais _ todos morrendo prematuramente. Qual é a causa principal destas mortes preveníveis? É a tuberculose? A aids? A malária? Cada uma destas recebe um grande espaço de cobertura dos meios de comunicação juntamente com centenas de milhões de dólares em verbas _ o que é justo. Mas há uma outra epidemia mortal que mata mais pessoas do que todas estas três doenças somadas, e até recentemente, ela quase não recebia atenção do público: o tabagismo.
O tabaco tornou-se a principal causa mundial de morte. Sobre quantas mortes estamos falando? Imagine um ginásio de basquetebol de uma escola totalmente lotado. Aproximadamente, 14.000 pessoas morrem a cada dia pelo fumo de tabaco. Se nós não fizermos nada, o tabaco poderá matar 1 bilhão de pessoas até o final deste século.
Mas só se nós não fizermos nada.
Em Nova York, nós vimos o quão eficazes os programas anti-fumo podem ser. Em 2002, eu assinei uma lei proibindo o fumo em todos os locais de trabalho. Houve uma enorme gritaria, mas então algo aconteceu: as pessoas amaram esta decisão. Bares e restaurantes viram os seus negócios aumentarem. Garçonetes beijaram-me e disseram-me que eu salvei-lhes as suas vidas. E logo em seguida, cidades e estados pelo país a fora _ junto com a Inglaterra, a Irlanda, a França, a Itália e outros países com níveis altos de consumo de fumo _ começaram a aprovar leis similares. Ao lado da proibição do fumo, nós aumentamos os impostos sobre o cigarro em Nova York, exibimos campanhas público-educativas de alto impacto e provimos adesivos de nicotina gratuitos. O resultado? Após 10 anos não vendo declínio no tabagismo, nós reduzimos o número de fumantes em 21% _ e reduzimos o fumo entre adolescentes em mais de 50%. Há 300.000 fumantes a menos na cidade de Nova York do que havia há seis anos atrás.
Enquanto o uso de tabaco está agora em declínio em Nova york e em algumas nações industrializadas, ainda assim, ele está crescendo em países como a Rússia e a Indonésia. Mais de 80 por cento das mortes por tabaco nas próximas décadas estarão nos países em desenvolvimento, incluindo a China e a Índia. Mas discutindo a situação com filântropos e especialistas em saúde pública, eu cheguei a conclusão de que os dólares destinados à saúde pública eram aplicados no combate a outras causas de morte e quase nenhum recurso existia para lutar contra o tabaco.
Dois anos atrás, eu decidi mudar isto. Reforçado por um tratado de controle do tabaco internacional, eu destinei 125 milhões de dólares para um novo esforço global para redução do uso do tabaco (doação que, desde então, elevou-se para 375 milhões de dólares). Bill e Melinda Gates juntaram-se a este esforço, com mais 125 milhões de dólares deles. E, em parceria com a Organização Mundial da Saúde, nós desenvolvemos uma estratégia denominada
MPOWER, que inclui seis soluções que comprovadamente salvam vidas:
Controlar o uso do tabaco e políticas de prevenção. Eu sempre digo, “se você não pode avaliar a dimensão de um problema, você não pode administrá-lo”. Para determinar a efetividade de nossos esforços, é essencial monitorar quais países adotam quais estratégias _ e como estas políticas afetam as taxas de consumo de fumo.
Proteger as pessoas do fumo passivo. Os ambientes livres de fumaça são as únicas formas comprovadas de proteger as pessoas _ e como nós observamos em Nova York, eles são populares, eles melhoram a saúde e eles são bons para os negócios.
Oferecer ajuda às pessoas para pararem. A maioria dos fumantes deseja abandonar mas acha difícil parar. Aconselhamento e medicamentos _ tais como adesivos e gomas de mascar de nicotina _ podem triplicar as chances de sucesso.
Alertas sobre os perigos do tabaco. Apesar das evidências científicas claras, relativamente poucos usuários de tabaco tem a compreensão completa sobre a extensão dos riscos à saúde. Junto com campanhas publicitárias para o abandono agressivas, grandes imagens de advertência nos maços de cigarro ajudam os fumantes a abandonarem.
Reforço na proibição do patrocíno, da promoção e da propaganda de tabaco. Estas proibições podem ajudar a conter os bilhões de dólares gastos pela indústria do tabaco em atividades de marketing todos os anos. Proibições parciais e restrições voluntárias têm pouco ou nenhum efeito.
Aumento nos impostos sobre o tabaco. Esta é a forma isolada mais efetiva de reduzir-se o fumo, particularmente entre os jovens. Além de ser um desestímulo, estes impostos geram recursos necessários para apoiar os programas e as campanhas publicitárias que ajudam as pessoas a abandonar o fumo.
Apenas 5% das pessoas no mundo estão protegidos por quaisquer destas estratégias, e nenhum país as implementou totalmente ainda. Mas isto é um ponto de partida para a mudança, graças em parte aos grupos locais que nós estamos apoiando mundo a fora e às autoridades governamentais que estão começando a opor resistência às companhias de cigarro. Do México à Turquia e à China, governos estão começando a adotar as estratégias do MPOWER.
É claro que os céticos dizem que o problema do tabagismo está culturalmente enraizado demais para ser resolvido. Mas parte do saber lidar com um problema enraizado _ seja na saúde, na educação ou na segurança públicas_ envolve desafiar as expectativas das pessoas sobre o que é possível. Como sabemos pela nossa experiência na cidade de Nova York, quando as pessoas aceitavam níveis de criminalidade altos, nós tivemos níveis de criminalidade altos. Quando as pessoas aceitavam níveis baixos de graduados em ensino superior, nós tínhamos níveis baixos de graduados em ensino superior. E quando as pessoas aceitam níveis de consumo de tabaco altos, nós temos níveis altos de consumo de tabaco_ e 5 milhões de mortes tabaco-relacionadas por ano. Mas tem que ser deste jeito! E se mais pessoas, grupos comunitários, organizações internacionais e autoridades governamentais tomarem a iniciativa de dar um basta na principal causa de mortes preveníveis, ela não continuará a sê-lo.
Combater o tabagismo é a forma isolada mais eficaz para que nós possamos prevenir mortes prematuras nos países em desenvolvimento. Um bilhão de vidas estão na balança.
Bloomberg é o prefeito da cidade de Nova York.
(
English)

2 comentários:

IRAFAN disse...

COMBATER O TABAGISMO É 1 FORMA DE DEIXARMOS 1 MUNDO MELHOR PRA NOSSOS FILHOS

Dr. Alexandre Milagres disse...

E netos, bisnetos, tataranetos...